Intolerância à lactose: o que minha genética diz?

Genética vs. Realidade. Alguns fatos sobre a intolerância à lactose.

1) Ter uma genética favorável à intolerância à lactose (genes LCT e MCM6) não justifica a exclusão dos laticínios. Trata-se de predisposição, não de diagnóstico. É necessário haver sintomas para tal conduta;

2) Existem algumas variantes genéticas associadas à intolerância à lactose. Avaliar apenas um polimorfismo (“mutação”) pode levar a grandes erros na conduta nutricional;

3) Ao longo da vida, há uma diminuição na capacidade de o organismo produzir a enzima que digere a lactose. Se a genética for favorável à intolerância, os sintomas poderão ocorrer mais cedo do que na média da população;

4) Quanto menos lactose se consome, menos o intestino é capaz de produzir a enzima lactase. A genética indica um risco maior – ou menor – de reações adversas, mas, felizmente, ela é influenciada pelo ambiente e nem todos irão desenvolver a intolerância tão precocemente, mesmo com alto risco;

5) Uma saúde intestinal ruim – que vai muito além de ir ou não ir ao banheiro diariamente – favorece a diminuição da enzima lactase e pode antecipar uma intolerância à lactose;

6) A lactose é bifidogênica, ou seja, favorece o crescimento de bactérias benéficas à saúde intestinal. A exclusão desnecessária e sem um ajuste alimentar compensatório pode levar a prejuízos à saúde intestinal;

7) Se tiver suspeitas de intolerância à lactose, vale a pena realizar o teste respiratório de hidrogênio expirado ou, ainda, o teste de glicemia após sobrecarga com lactose. Se derem negativos, pode haver outro quadro associado ao consumo dos laticínios e, nesse caso, apenas excluir a lactose pode não ser suficiente.

Referências

Nutrients. 2020 Sep 3;12(9):2689. doi: 10.3390/nu12092689.

Gut. 2019 Nov;68(11):2080-2091. doi: 10.1136/gutjnl-2019-318404.

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