Microbiota intestinal & doença hepática gordurosa não alcoólica

A incidência de doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) cresceu nos últimos anos, podendo progredir para várias doenças hepáticas crônicas, como esteato-hepatite, cirrose e carcinoma hepatocelular relacionado à DHGNA (CHC).

A comunicação entre o fígado e intestino é mútua. O fígado é o primeiro órgão exposto ao sistema intestinal recebendo o sangue da veia porta do trato gastrointestinal, que contém múltiplos componentes da microbiota e metabólitos.

Um novo estudo de revisão elucidou os mecanismos de ligação entre a microbiota intestinal e o fígado, e descreveu que o desequilíbrio dessa microbiota altera a permeabilidade da barreira epitelial intestinal, podendo resultar no influxo de várias substâncias, como metabólitos nocivos, lipopolissacarídeo (LPS), bactérias e DNA bacteriano no fígado.

A disbiose intestinal e seus metabólitos relacionados podem: interagir com o funcionamento das mitocôndrias ou genes; estimular a secreção de GLP-1 através da via GPR41/43 podendo levar ao acúmulo de gordura, o que leva à DHGNA; ou até mesmo influenciar o nível de fatores pró-inflamatórios que promovem o processo de DHGNA, como por exemplo os níveis séricos ou hepáticos de LPS que também aumentam após o desequilíbrio da microbiota intestinal e podem contribuir para a inflamação hepática.

Os autores reforçam que é promissora a abordagem terapêutica da DHGNA em uma base molecular que considere a microbiota e as funções mitocondriais em conjunto com mudanças no estilo de vida.
Assim, apesar de estudos emergentes investigarem os potenciais e a eficácia de novas terapêuticas com probióticos, prebióticos ou simbióticos no tratamento da DHGNA, a prática de atividade física e alimentação saudável são as opções terapêuticas associadas à modulação da microbiota e seus metabólitos e são eficazes para o manejo da DHGNA.

Zang et al. Front Nutr; 20;9:934113, 2022.